Perfil das pesquisas clínicas relacionadas ao Covid-19 no Brasil / Profile of clinical research relating to COVID-19 in Brazil

Autores

  • Maria Clara de Araújo Crepaldi Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Pesquisa Clínica e Medical Affairs. São Paulo - SP - Brasil https://orcid.org/0000-0003-0559-2706
  • Luis Lopes Martinez Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Pesquisa Clínica e Medical Affairs. São Paulo - SP - Brasil https://orcid.org/0000-0002-1422-8597

DOI:

https://doi.org/10.26432/1809-3019.2022.67.004

Palavras-chave:

pesquisa clínica, ensaio clínico, COVID-19, SARS-CoV-2, Brasil

Resumo

Introdução: Em dezembro de 2019, em Wuhan, na China, começaram a surgir casos de pneumonia derivados de um patógeno denominado como a doença de coronavírus 2019 (COVID-19). O principal alvo do SARS-CoV-2 é o trato respiratório superior e inferior. De acordo com a OMS, o continente Americano foi considerado o epicentro da doença, sendo que o Brasil chegou a ocupar o terceiro lugar na lista de países com maior número de casos. Portanto, identificar o perfil das pesquisas clínicas relacionadas ao COVID-19 no Brasil é de suma importância. Objetivo: Este estudo buscou identificar o perfil das pesquisas clínicas relacionadas ao COVID-19 no Brasil e discutir desafios envolvidos nesse processo. Método: Foi realizado um levantamento no banco de dados Plataforma Brasil sobre as pesquisas clínicas relacionadas a COVID-19 no Brasil e registradas nesta plataforma durante o período de 01 de janeiro de 2020 a 31 de março de 2021. Resultados e Discussão: No Brasil, as regiões que apresentam maior infraestrutura de pesquisa e assistência são as regiões Sul e Sudeste, que possuem a predominância das pesquisas clínicas no país, tanto relacionados com a COVID-19 quanto para outras áreas terapêuticas. São esses locais que apresentam o maior número de centros de pesquisa e também as melhores universidades. Além disso, o predomínio da participação de universidades públicas indica essas instituições como um polo de pesquisa no Brasil. Apesar da maior parte da pesquisa clínica no Brasil se concentrar nas regiões Sul e Sudeste, é interessante observar que a região Nordeste apareceu em segundo lugar em número de estudos envolvendo a COVID-19, com aproximadamente 100 estudos a mais do que a região Sul durante o período pesquisado. Essa diferença pode ser explicada pelo fato de que a região Nordeste foi mais afetada pelo novo coronavírus do que a região Sul, o que estimularia os cientistas da região a realizar mais pesquisas para auxiliar a população local. Os idosos fazem parte do grupo de maior risco de contrair a COVID-19 por serem mais frágeis devido à idade e por normalmente apresentarem várias comorbidades. No entanto, o baixo número de pesquisa clínicas relacionadas à essa população provavelmente se deve aos riscos apresentados por esse grupo, a quantidade de medicações concomitantes e por possíveis interações medicamentosas. Por outro lado, o oposto foi encontrado quando analisamos as pesquisas envolvendo a população pediátrica, onde, apesar desta população ser considerada igualmente vulnerável para pesquisas clínicas e poucos serem os casos de crianças e adolescentes que contraíam o novo coronavírus, o número de pesquisas nesta população superou o encontrado em idosos. Conclusão: De acordo com os dados encontrados, o perfil das pesquisas clínicas relacionadas ao COVID-19 no Brasil é caracterizado em sua maioria por estudos observacionais, unicêntricos, envolvendo população adulta e conduzidos em instituições públicas da região Sudeste do país. Apesar do sistema CEP/CONEP e da ANVISA terem adaptado muito bem seus processos para reduzir com excelência os prazos e priorizar os estudos do novo coronavírus, o país, a princípio, não foi escolhido pelas multinacionais para conduzir estudos intervencionistas internacionais, mesmo pertencendo a região considerada como o epicentro da doença. Durante esse período, foram constatadas ações positivas e grandes avanços no empenho das instâncias regulatórias para a celeridade das aprovações das pesquisas clínicas envolvendo COVID-19 e também pode-se destacar o potencial científico do Brasil, que, durante uma pandemia de um vírus desconhecido, desenvolveu 2.706 pesquisas relacionadas a COVID-19, além da continuidade da realização de outras pesquisas clínicas nas diferentes áreas terapêuticas.

Palavras chave: Pesquisa clínica, Ensaio clínico, COVID-19, SARS-CoV-2, Brasil

 

 

Abstract

 

Introduction: In December 2019, cases of pneumonia begin do appear in Wuhan, China, from a pathogen named coronavirus disease 2019 (COVID-19). The main target of SARS-CoV-2 is the upper and lower respiratory tract. According to World Health Organization (WHO), the American continent was considered the epicenter of the disease, with Brazil occupying the third place in the list of countries with the highest number of cases. Therefore, identifying the profile of clinical research related to COVID-19 in Brazil has become important. Objective: This study sought to identify the profile of clinical research related to COVID-19 in Brazil and discuss the challenges involved in this process. Methods: Active research was performed in the database Plataforma Brasil for clinical research related to COVID-19 in Brazil and registered in this platform during the period January 01st 2020 until March 31st, 2021. Results and discussion: In Brazil, the regions with the greatest research infrastructure and assistance are the South and Southeast regions, that have the predominance of clinical research in the country, both related to COVID-19 and to other therapeutic areas. These are the places that have the largest number of clinical research sites and also the best universities. Moreover, the prevalence of participation by public universities indicates these institutions as a research hub in Brazil. Although most clinical research in Brazil concentrates in the South and Southeast regions, it is interesting to observe that the Northeast region appeared in second place in the number of studies involving COVID-19, with approximately 100 more studies than in the South region during the researched period. This difference can be explained by the fact that the Northeast region was more affected by the new coronavirus than the South region, which would encourage scientists in this region to perform more research to help the local population. The elderly is part of the group at highest risk to contract COVID-19 because they are more fragile due to the age and because they usually have several comorbidities. However, the low number of clinical research related to this population probably is due to the risks presented by them, the quantity of concomitant medications and by possible drug interactions. On the other hand, the opposite was found when we analyze the research involving the pediatric population, where, although this population is considered equally vulnerable for clinical research and there were few cases of children and teenagers who contracted the new coronavirus, the number of research in this population overcame the one found with the elderly. Conclusion: According to the data found, the profile of clinical research related to COVID-19 in Brazil is compound mostly by observational studies, single-center, involving adult population and conducted in public institution in the Southeast region of the country. Despite CEP/CONEP system and ANVISA had adapt their process very well to reduce with excellence the deadlines and prioritize the new coronavirus studies, the country, at first, was not chosen by the multinational to conduct international interventional studies, even belonging to the region considered as the epicenter of the disease. During this period, there were positive actions and great advances in the efforts of regulatory institutions to speed up the approval of clinical research involving COVID-19 and it can also stand out Brazil’s scientific potential which, during a pandemic with an unknown virus, developed 2706 research related to the COVID-19 in addition to continuing perform other clinical research in different therapeutic areas.

Keywords: Clinical research, Clinical trial, COVID-19, SARS-CoV-2, Brazil

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Publicado

2022-03-22

Edição

Seção

ARTIGO DE REVISÃO