Prevalência de mortes e exclusões antecipadas de participantes de estudos clínicos em decorrência de eventos adversos sérios relacionados à COVID-19 / Prevalence of deaths and early terminations of clinical trial subjects as a result of COVID-19 related serious adverse events

Autores

  • Anderson Julio Cherobino Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Pesquisa Clínica e Medical Affairs. São Paulo - SP – Brasil https://orcid.org/0000-0001-8904-9166
  • Luis Lopez Martinez Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Pesquisa Clínica e Medical Affairs. São Paulo - SP – Brasil https://orcid.org/0000-0002-1422-8597

DOI:

https://doi.org/10.26432/1809-3019.2022.67.012

Resumo

Introdução: A COVID-19 teve seu surto inicial na cidade de Wuhan, na China em meados de dezembro de 2019, espalhando-se rapidamente por diversos países do mundo, sendo classificada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma pandemia global em março de 2020. Em novembro de 2021, números oficiais da OMS contabilizavam cerca de 255 milhões de casos confirmados e aproximadamente 5.2 milhões de mortes por COVID-19 em todo o mundo. Além do terrível impacto na saúde pública mundial, a pandemia de COVID-19 afetou os mais diversos setores econômicos, sociais, educacionais e acadêmicos, impactando inclusive a pesquisa clínica para o desenvolvimento de novos medicamentos para a indústria farmacêutica. Objetivo: Avaliar o impacto da pandemia de COVID-19 nas pesquisas clínicas de novos medicamentos no tocante à prevalência de Eventos Adversos Sérios (EAS) relacionados à COVID-19 em voluntários participantes de estudos clínicos, bem como a prevalência de mortes ou necessidade de exclusão antecipada dos voluntários em decorrência desses eventos. Método: Estudo observacional transversal, utilizando uma amostra constituída por 155 estudos clínicos oriundos de base de dados de empresa de Contract Research Organization (CRO) de modo a se analisar a prevalência de EAS relacionados à COVID-19 (EAS COVID-19) ocorridos em voluntários participantes desses estudos durante o período de 01 de março de 2020 até 28 de fevereiro de 2021. Resultados: Durante o período analisado houve um total de 307 EAS COVID-19 e 60 mortes em decorrência desses EAS COVID-19 nos 155 estudos clínicos da amostra, sendo esse número 14.3% do total de todos os EAS reportados no período, representando uma prevalência média de 1.98 EAS COVID-19 por estudo clínico e 0.0065 EAS COVID-19 por voluntário participante dos estudos. Houve uma prevalência maior dos EAS COVID-19 nos EUA, China, Índia, Espanha, Brasil e Polônia e uma prevalência maior de mortes por EAS COVID-19 na Espanha, EUA, China e África do Sul respectivamente. A prevalência de EAS COVID-19 foi maior nos estudos de Oncologia, Cardiologia e Nefrologia, enquanto que as mortes foram mais prevalentes nos estudos de Endocrinologia, Nefrologia e Oncologia. De acordo com os resultados encontrados, 46.5% (n = 143) dos EAS COVID-19 tiveram um impacto direto na manutenção dos voluntários participantes dos estudos, sendo que 19.5% dos EAS COVID-19 (n = 60) levaram à morte dos voluntários e outros 27% (n = 83) resultaram na necessidade de exclusão antecipada dos participantes dos estudos, sendo uma média de 5 mortes por EAS COVID-19/mês e 6.9 exclusões antecipadas de voluntários por EAS COVID-19/mês. Nossos resultados foram condizentes com a situação epidemiológica global da pandemia de COVID-19, no entanto, devido às limitações do método, os resultados desse estudo podem ser considerados apenas como sugestivos e não são suficientes para estabelecermos uma relação causa-efeito definida com o cenário da pandemia global. Conclusão: A considerável prevalência de mortes e exclusões antecipadas dos voluntários dos estudos em decorrência de EAS COVID-19 representou um impacto extremamente significativo nos estudos clínicos analisados, não apenas pelas mortes e/ou comprometimento grave à saúde dos voluntários, mas também devido à extrema dificuldade de reposição desses voluntários nos estudos clínicos devido às limitações de recrutamento durante os momentos mais críticos da pandemia de COVID-19.

Palavras chave: COVID-19, Farmacovigilância, Eventos adversos, Ensaio clínico

 Abstract

Background: The COVID-19 disease had its initial outbreak in Wuhan, China around December 2019, rapidly spreading over several countries in the world and being classified by the World Health Organization (WHO) as a global pandemic in early March 2020. In November 2021, WHO official numbers counted nearly 255 million confirmed cases and approximately 5.2 million deaths as a result of COVID-19 worldwide. In addition to its terrible impact on the world public health, the COVID-19 pandemic affected multiple economic, social, educational and academic sectors, including the clinical research for the development of new drugs for the pharmaceutical industry. Objective: Assessing the impact of the COVID-19 pandemic on the clinical research of new drugs in terms of the prevalence of Serious Adverse Events (SAEs) related to the COVID-19 (COVID-19 SAEs) in clinical trial subjects as well as the prevalence of deaths and early terminations of subjects as a result of such Serious Adverse Events. Methods: An Observational transversal study utilizing a sample of 155 ongoing clinical trials from a Contract Research Organization (CRO) database in order to analyze the prevalence of SAEs related to COVID-19 (COVID-19 SAEs) occurred in clinical trial subjects during the period of March, 01st 2020 through February, 28th 2021. Results: During the analyzed period, there were 307 COVID-19 SAEs and 60 deaths of clinical trial subjects as result of such COVID-19 SAEs. This number represents 14.3% of all SAEs reported in the 155 clinical trials within the same period and a prevalence of 1.98 COVID-19 SAE per clinical trial and 0.0065 COVID-19 SAE per clinical trial subject. There was a higher prevalence of COVID-19 SAEs in the United States (USA), followed by China, India, Spain, Brazil and Poland, whereas there was a higher prevalence of deaths as a result of COVID-19 SAEs in Spain, followed by USA, China and South Africa. The prevalence of COVID-19 SAEs was higher in Oncology, Cardiology and Nephrology trials respectively, whereas the prevalence of deaths from COVID-19 SAEs was higher in Endocrinology, Nephrology and Oncology trials. According to our results, 46.5% (n = 143) of the COVID-19 SAEs had a direct impact on the recruitment/maintenance of clinical trial subjects in the sample studies, where 19.5% of the COVID-19 SAEs (n = 60) caused the subject to die and 27% (n = 83) resulted in the early termination of the subject, giving us an average of 5 subject deaths per month and 6.9 early terminations per month during the analyzed period. Our results were generally compatible with the global epidemiological situation of the COVID-19 pandemic, nevertheless, due to its method limitations, the results from this current study are to be considered suggestive only as they are not sufficient to establish a defined cause-effect relationship with the global pandemic scenario. Conclusion: The considerable prevalence of deaths and early terminations of clinical trial subjects as a result of the COVID-19 SAEs represented an extremely significant impact on the sample clinical trials, not only due to the deaths of the clinical trial subjects and/or the serious hazard to their health, but also due to the extreme difficulty in replacing those subjects given the serious limitations in patient recruitment during the most critical moments of the COVID-19 pandemic.

Keywords: COVID-19, Pharmacovigilance, Adverse events, Clinical trial

 

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Publicado

2022-07-19

Edição

Seção

ARTIGO ORIGINAL