Triagem da sí­ndrome hepatopulmonar: oximetria de pulso ou gasometria arterial?/ Hepatopulmonary syndrome screening: pulse oximetry or arterial gasometry?

Autores

  • Cláudia Debona Mocelin Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória (EMESCAM). Faculdade de Medina. Vitória – ES
  • Marina Ribeiro Rocha Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória (EMESCAM). Faculdade de Medina. Vitória – ES
  • Mariana Poltronieri Pacheco Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória (EMESCAM). Departamento de Gastroenterologia. Vitória – ES

DOI:

https://doi.org/10.26432/1809-3019.2019.64.3.184

Resumo

Objetivo: Avaliar se a realização rotineira da gasometria arterial em todos os pacientes cirróticos pode ser substituí­da pela oximetria de pulso isolada para a triagem de SHP. Material e métodos: Estudo observacional, individuado e transversal do tipo inquérito, por meio da análise dos prontuários dos pacientes do ambulatório de gastroenterologia e hepatologia do Hospital Santa Casa de Misericórdia de Vitória, localizado na cidade de Vitória - ES, e por meio da análise da gasometria arterial destes pacientes. Como critérios para o diagnóstico de cirrose, foram utilizados a história clí­nica, o exame fí­sico, a análise laboratorial e pelo menos um exame de imagem. Resultados: A amostra teve 75,4% de homens, com etiologia alcoólica sendo mais prevalente (53%). A idade média foi de 54 anos, não tendo correlação com a PaO2 (p = 0,754) e com a AaO2 (p = 0,574). A prevalência de pacientes Child A foi de 88,2% e Child B de 11,8%. A maioria (88,2%) dos pacientes apresentaram gradiente AaO2 20 mmHg, compatí­vel com critério diagnóstico gasométrico de SHP. Discussão: Não foi observada correlação significativa entre a oxigenação sanguí­nea medida pela gasometria arterial e pela oximetria de pulso. Pacientes com PaO2 < 60 mmHg apresentaram SatO2 mí­nima de 93% e mediana de 97%, DP 2,2, comparado com mí­nima de 85% e mediana de 87%, DP 3,9,  nos pacientes com ní­veis 60 mmHg (p = 0,827). Portanto, nota-se que a SatO2 medida pela oximetria de pulso não é um bom parâmetro para triagem de SHP nos pacientes cirróticos. Conclusões: A gasometria arterial é indispensável em todos os pacientes cirróticos para triagem da Sí­ndrome Hepatopulmonar, independente da classe funcional, não podendo ser substituí­da pela oximetria de pulso. Tal conduta visa acelerar o diagnóstico dessa sí­ndrome, considerando a inexistência de correlação entre os critérios diagnósticos gasométricos já estabelecidos e os valores obtidos na oximetria de pulso e no escore Child-Pugh. Tendo em vista que a Sí­ndrome Hepatopulmonar é uma indicação de transplante hepático, seu diagnóstico precoce pode adiantar o processo, melhorando a resposta terapêutica e a sobrevida dos pacientes.

Descritores: Sí­ndrome hepatopulmonar, Cirrose hepática, Transplante de fí­gado, Oximetria, Gasometria

ABSTRACT

Objective: To evaluate whether routine arterial blood gas analysis in all cirrhotic patients can be replaced by isolated pulse oximetry for HPS screening. Material and methods: Observational, individualized and cross-sectional study, by analyzing the medical records of patients from the gastroenterology and hepatology outpatient clinic of the Santa Casa de Misericórdia de Vitória Hospital, located in the city of Vitória - ES, and by analyzing the laboratory results of the arterial blood gases of these patients. The criteria for the diagnosis of cirrhosis were clinical history, physical examination, laboratory analysis and at least one imaging exam. Results: A total of 75.4% of the sample consisted of males, with alcoholic etiology being more prevalent (53%). The mean age was 54 years, with no correlation with PaO 2 (p = 0.754) and AaO 2 (p = 0.574). The prevalence of Child A patients was 88.2% and of Child B was 11.8%. The majority (88.2%) of the patients presented a AaO2 gradient 20 mmHg, compatible with HPS gasometric diagnostic criteria. Discussion: No significant correlation was observed between blood oxygenation as measured by arterial blood gas and pulse oximetry. Patients with PaO2 <60 mmHg had a minimum SatO2 of 93% and a median of 97%, SD 2.2, compared with a minimum of 85% and a median of 87%, SD 3.9, in patients with levels 60 mmHg (p = 0.827). Therefore, it is noted that SatO2 measured by pulse oximetry is not a good parameter for screening for SHP in cirrhotic patients. Conclusion: Arterial blood gas analysis is indispensable in all cirrhotic patients in screening for Hepatopulmonary Syndrome, regardless of functional class, and cannot be replaced by pulse oximetry. Such conduct aims to accelerate the diagnosis of this syndrome, considering the inexistence of correlation between the already established gasometric diagnostic criteria and the values obtained in pulse oximetry and Child- Pugh score. Since the existence of Hepatopulmonary Syndrome is an indication for liver transplantation, early diagnosis may accelerate the process, improving therapeutic response and survival in patients.

Keywords: Hepatopulmonary syndrome, Liver cirrhosisc Liver transplantation, Oximetry, Gasometry

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Downloads

Publicado

2019-11-27

Edição

Seção

ARTIGO ORIGINAL