A Relação entre o índice de massa corporal e desfechos pós-operatórios em pacientes submetidos ao tratamento operatório de doença do refluxo gastroesofágico: uma revisão integrativa / Relationship between body mass index and postoperative outcomes in patients undergoing operative treatment for gastroesophageal reflux disease: an integrative review

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26432/1809-3019.2024.69.004

Palavras-chave:

Gastroesophageal Reflux, Fundoplication, Obesity, Intraoperative Complications.

Resumo

Introdução: A Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) acomete cerca de 12% da população brasileira, sendo caracterizada pela presença anormal de conteúdo gástrico acima do esfíncter esofagiano inferior. Os sintomas característicos incluem: pirose, disfagia e regurgitação. O diagnóstico é realizado pela avaliação clínica e endoscopia digestiva alta. O tratamento para a DRGE é predominantemente clínico, com uso de inibidores da bomba de prótons e medidas comportamentais. Quando a doença é refratária, o tratamento operatório é uma opção. No entanto, há controvérsias na literatura em relação aos resultados do tratamento operatório em pacientes obesos, comparados aos pacientes com índice de massa corporal (IMC) normal. A obesidade é um fator de risco para a DRGE, assim como pode estar associada a outros fatores de risco no pós-operatório.  Objetivos: Esta revisão integrativa de literatura foi realizada com intuito de avaliar a repercussão do IMC alto em pacientes submetidos a operação antirrefluxo, bem como sua implicação como fator predisponente para complicações pós-operatórias.  Método: Esta revisão seguiu os itens do Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analysis (PRISMA). O método de desenvolvimento consistiu na busca de artigos nas plataformas de pesquisa PubMed, BVS, Cochrane Reviews e SciELO.  Para a seleção dos artigos foi utilizada a Plataforma Rayyan. Os artigos resultantes das estratégias de busca foram adicionados, e cinco colaboradores foram convidados para realizar a seleção de forma cega. Outros 3 artigos foram selecionados após a análise das referências dos artigos previamente selecionados. Por fim, foram incluídos 11 artigos na revisão final.

Resultados/Discussão: Embora a obesidade possa influenciar no desenvolvimento da DRGE e na complexidade da operação proposta, os estudos compararam os desfechos pós-operatórios em pacientes com IMC < 25 kg/m² (normal), IMC = 25-29,9 (sobrepeso) kg/ m² e IMC > 30 kg/m² (obeso) concluindo que este não é um fator preditor de desfechos negativos em pacientes submetidos ao tratamento operatório. Estudos avaliados sugeriram que a fundoplicatura pode ser utilizada para tratar a DRGE refratária, porém pode levar a uma série de complicações, inclusive em pacientes com IMC normal. Foi relatado que cerca de 20% dos pacientes submetidos à cirurgia antirrefluxo continuam apresentando sintomas, e a fundoplicatura de Nissen laparoscópica (LARS) falha em controlar o refluxo gastroesofágico em quase 15% dos pacientes. A reoperação, quando ocorre falha da fundoplicatura, é um desafio, com evidências limitadas. Atualmente, é mais comum encontrar casos de pacientes que precisam passar por uma reoperação devido à falha na cirurgia anterior e ao reaparecimento dos sintomas como disfagia, distensão abdominal, incapacidade de vomitar e liberação excessiva de gases, do que a realização da operação de fundoplicatura para o tratamento da DRGE.  Conclusão: O tratamento mais comumente utilizado para a DRGE consiste na terapia farmacológica associada a medidas comportamentais. Apesar da obesidade ser um fator de risco importante para a doença, não foi encontrada uma relação entre a obesidade e desfechos pós-operatórios negativos em pacientes submetidos à fundoplicatura. Além disso, a taxa de complicações e falhas da operação é semelhante em pacientes com IMC normal.

Palavras-chave: Refluxo gastroesofágico, Fundoplicatura, Obesidade, Complicações intraoperatórias

Abstract

Introduction: Gastroesophageal Reflux Disease (GERD) affects approximately 12% of the Brazilian population and is characterized by the abnormal presence of gastric contents above the lower esophageal sphincter. Characteristic symptoms include: heartburn, dysphagia, and regurgitation. The diagnosis is made by clinical evaluation and upper digestive endoscopy. The treatment for GERD is predominantly clinical, using proton pump inhibitors and behavioral measures. When the disease is refractory, operative treatment is an option. However, there is controversy in the literature regarding the results of surgical treatment in obese patients compared to patients with normal body mass index (BMI). Obesity is a risk factor for GERD, and it may be associated with other postoperative risk factors. Objectives: This integrative literature review was carried out with the aim of evaluating the repercussions of high BMI in patients undergoing anti-reflux surgery, as well as its implication as a predisposing factor for postoperative complications. Methodology: This review followed the Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analysis (PRISMA) items. The development method consisted of searching for articles in the research platforms PubMed, BVS, Cochrane Reviews and SciELO. For the selection of articles, the Rayyan Platform was used. The articles resulting from the search strategies were added, and five collaborators were invited to blindly select them. Another 3 articles were selected after analyzing the references of previously selected articles. Finally, 11 articles were included in the final review. Results/Discussion: Although obesity may influence the development of GERD and the complexity of the proposed operation, studies have compared postoperative outcomes in patients with BMI < 25 kg/m² (normal), BMI = 25-29.9 (overweight) kg/m² and BMI > 30 kg/m² (obese), concluding that this is not a predictor of negative outcomes in patients undergoing surgical treatment. Studies evaluated suggested that fundoplication can be used to treat refractory GERD, but it can lead to a series of complications, even in patients with normal BMI. It has been reported that about 20% of patients undergoing anti-reflux surgery continue to experience symptoms, and laparoscopic Nissen fundoplication (LARS) fails to control gastroesophageal reflux in nearly 15% of patients. Reoperation, when fundoplication fails, is a difficult challenge, with limited evidence. Currently, it is more common to find cases of patients who need to undergo a reoperation due to the failure of the previous surgery and the reappearance of symptoms such as dysphagia, abdominal distension, inability to vomit and excessive release of gases, than to perform a fundoplication operation to the treatment of GERD. Conclusion: The most commonly used treatment for GERD consists of pharmacological therapy associated with behavioral measures. Despite obesity being an important risk factor for the disease, no relationship was found between obesity and negative postoperative outcomes in patients undergoing fundoplication. Furthermore, the rate of complications and operation failures is similar in patients with normal BMI.

Keywords: Gastroesophageal reflux, Fundoplication, Obesity, Intraoperative complications

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Publicado

2024-06-17

Edição

Seção

ARTIGO DE REVISÃO