Relato de caso: Hemibalismo-hemicoreia como primeira manifestação do Diabetes Mellitus tipo 2.
DOI:
https://doi.org/10.26432/1809-3019.2025.70.003Resumen
Introdução: A hiperglicemia não cetótica é considerada uma causa incomum de hemibalismo-hemicoreia. São descritos alguns casos na literatura associando esse quadro neurológico como primeira manifestação do Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2). Relato do caso: Masculino, 77 anos, antecedente pessoal de hipertensão e hipotireoidismo, trazido por familiares ao hospital por quadro agudo de movimentos involuntários hipercinéticos de pescoço e membro superior esquerdo, além de polidipsia e polaciúria. Foi diagnosticado na internação o DM2 (exame prévio de 3 meses com Hb glicada=6,2%). Nos exames apresentava tomografia de crânio da chegada e de controle normais, gasometria arterial normal, glicemia capilar “High”, Hb glicada=14,7%. Após 8 dias de internação hospitalar, houve regressão total do quadro de hemibalismo-hemicoreia, resultado obtido através de um bom controle glicêmico com uso de insulinoterapia, sem necessidade de uso de neurolépticos. Discussão: Os sintomas de hiperglicemia acentuada incluem polidipsia, poliúria, perda de peso, polifagia e visão turva, sendo que as consequências agudas e potencialmente fatais do diabetes não controlado são a cetoacidose e a síndrome hiperosmolar não cetótica. Quadros neurológicos e distúrbios do movimento não são critérios iniciais para o diagnóstico de DM2. O balismo é caracterizado como um distúrbio do movimento, hipercinético, raro, no qual o movimento é involuntário e anormal, do tipo coréico, violento, com grande amplitude, em arremesso, que envolve a musculatura apendicular proximal e axial. A incidência do hemibalismo no mundo é desconhecida, porém alguns autores citam algo em torno de 1 caso para 500 000 na população geral. O hemibalismo é uma consequência de uma lesão ou inativação funcional do núcleo subtalâmico, determinando diminuição da atividade neuronal nas porções interna e externa do globo pálido. Em casos de hiperglicemia não cetótica, acredita-se que haja uma mudança para o metabolismo anaeróbico, que leva à diminuição secundária do GABA (ácido gama-aminobutírico), uma vez que este funciona como substrato enérgico durante a anaerobiose, levando ao aumento da atividade dopaminérgica. Nos casos cetóticos, o GABA pode ser ressintetizado, dessa forma, não há a associação entre hemibalismo-hemicoreia e cetoacidose diabética. Conclusão: Através desse relato incomum que apresentou como primeira manifestação inicial do DM2: um distúrbio do movimento involuntário considerado raro por si só, destacamos como o seu reconhecimento precoce pode ajudar na recuperação do paciente, através de um bom controle glicêmico.
Palavras chaves: hemibalismo-hemicoreia; hiperglicemia não cetótica, Diabetes mellitus tipo 2
Abstract
Introduction: Non-ketotic hyperglycemia is a rare cause of hemiballismus-hemichorea, with some cases noted in literature as the first manifestation of Type 2 Diabetes Mellitus (DM2). Case Report: A 77-year-old male with a history of hypertension and hypothyroidism was admitted to the hospital due to acute involuntary hyperkinetic movements in the neck and left upper limb, along with symptoms of polydipsia and urinary frequency. Upon admission, he was diagnosed with DM2, evidenced by high capillary blood glucose levels and a glycated hemoglobin of 14.7%. Initial examinations, including head tomography and arterial blood gas analysis, were normal. After eight days of hospitalization and effective glycemic control through insulin therapy, the hemiballismus-hemichorea condition completely regressed. Discussion: Neurological conditions and movement disorders are not typical initial indicators of DM2. Ballismus is defined as a rare hyperkinetic movement disorder involving involuntary, violent, and high-amplitude movements, primarily affecting proximal and axial appendicular muscles. Hemiballismus is linked to lesions or functional inactivation of the subthalamic nucleus, which reduces neuronal activity in the globus pallidus. In cases of non-ketotic hyperglycemia, a shift to anaerobic metabolism may lead to decreased GABA levels, thereby increasing dopaminergic activity. Conclusion: This report underscores the significance of early recognition of involuntary movement disorders as potential initial manifestations of DM2, which can enhance recovery through proper glycemic management.
Keywords: Hemiballismus-hemichorea; Non-ketotic hyperglycemia, Type 2 diabetes mellitus
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